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4ª Caldas Ultra Trail 2018


Hobalhamadeus, que é isto?

Eram 4h50m de domingo, dia 15 e toca o despertador...bolas, bolas...ahhh tenho prova, tenho de me despachar.

E foi este o meu pensamento durante esta madrugada enquanto despertava e verificava se o equipamento estava devidamente todo para poder correr.

Minuto mais minuto, mochila no carro, motor a trabalhar e...vamos lá para o Nadadouro e fazer o Caldas Ultra Trail pela 4ª vez.

Chegado ao local pelas 7h05m levanto o dorsal tranquilamente e vejo logo os meus amigos Lina Mateus e Paulo Roque onde trocamos umas breves impressões e bebemos um café juntos. Ainda encontro o Luis Miguel Leitão...este homem não pára de crescer hehehe, encontro também o meu amigo Manuel Vitorino onde fazemos uns km juntos durante a prova, excelente pessoa, com uma humildade e humanidade como se vê pouco por aí. O meu amigo Miguel Pereira e David Clemente também em grande destaque e a Ana Tomé e o Miguel Ribeiro. Tudo bons amigos entre tantos mais que para não variar não me lembro dos nomes. Durante a prova ainda vejo o mestre Jorge Serrazina a tirar fotos aos atletas e encontro o Paulo Gomes com o qual ainda ficamos um bocadinho na conversa durante uns tempos enquanto corríamos.

8 horas e no meio de cerca de 129 inscritos dá-se a partida dos 50 km ao som dos AC DC. Grande momento este com muita gente a aplaudir o início desta dura prova com uma excelente temperatura para esta prática.

O CUT tem a particularidade de ser muito corrível até aos 10 kms e aceitável até aos 15 kms onde aqui se começa a sentir o corpo e obrigatoriamente se reduz o ritmo, não tanto pelo cansaço, mas mais pela perigosidade do percurso. Arribas e arribas num frenético desce e sobe e volta a descer para mais uma vertiginosa subida num paralelismo de mar e céu. De uma grande beleza esta parte bastante técnica onde nos sentimos tão pequenos tal não é a imensidão do espaço envolvente.

Chego ao abastecimento 1 e retifico os flask's com líquido, bebo isotónico e como melancia e marmelada. fico apenas um minuto aqui e siga...ainda estava bem frequinho e só tinha 9,5 km nas pernas. Siga para o Miradouro da Arrinhada onde seria o 2º abastecimento aos 15 km. Aqui sim, começa a verdadeira beleza da prova, as tão temidas e desejadas arribas! Sinto os meus olhos a brilhar por estar ali, sinto o corpo tremer de ansiedade, respiro e absorvo toda a energia pelo ar. É fantástico estar aqui!

No abastecimento seguinte que é na Pegada do Dinossauro é só água para repor os níveis, pois apesar de começarmos a prova com uma temperatura bastante agradável e contra todas as espetativas o sol descobriu e foi-nos aquecendo a alma e o corpo até ao fim com um calor que só dava vontade de mergulhar na praia.

Aos 25 km chegamos à famosa duna de Salir do Porto. Desço a duna muito empolgado e num ritmo bastante rápido. Ao chegar cá abaixo vou logo refrescar a cabeça com água na torneira de água corrente que está sempre disponível para os atletas. Sento-me e descanso uns minutos onde converso com amigos e bebo duas minis bem fresquinhas, dois paezinhos com leitão, melancia, pastel de nata e salame e frutos secos. Aproveito aqui para tirar uns 5 kg de areia das sapatilhas hahahaha.

Vou embora e sigo para o próximo abastecimento com as pernas já pesadas que seria novamente no Miradouro da Arrinhada, mas desta vez aos 34 km e com meia bifana, duas minis frescas, melancia, marmelada, frutos secos e sumo.

Curiosamente sinto as pernas a dar um nó, desde à uns kms atrás que os músculos das pernas ameaçavam sair, mas a partir daqui foi um massacre. Já à uns anos que isto não me acontecia. Também tenho feito algumas provas de estrada que é um veneno para este tipo de terreno e treinado bastante resistência e não altimetria. Tenho de retificar isto...hehehe.

Encontro mais um abastecimento de líquidos onde molho a cabeça e encho novamente os meus recipientes e...bora lá para mais umas arribas. Daqui e até ao Miradouro da Foz do Arelho foi um desgaste sofrido com os músculos sempre a prenderem e a latejar onde transporto a minha mente para além do oceano para amenizar a dor. Vou gerindo até chegar e descansar uns minutinhos aqui acompanhado com mais duas minis, melancia, morangos, marmelada e frutos secos. Já "só" me faltavam 8 km até à meta e tirando a subida para o INATEL o restante até foi bem corrível. Antes de subir o INATEL descemos até à praia após ter feito os Passadiços da Foz do Arelho e fizemos a marginal mesmo junto à praia, que para além de bonito e termos muita gente a aplaudir-nos e a incentivar foi um sacrifício olhar para a água fresquinha mesmo alí e o corpo a escaldar... Corto a meta aos 50 km em 8h19m ficando em 57º lugar da geral entre 99 que terminaram a prova e bebo mais uma mini hehehehe.

Qual não foi o meu espanto quando oiço a chamar por mim e a aplaudir, mas ia tão esganado que só vi quem era após ter cortado a meta e respirado de alívio. Eram os meus amigos Tiago Rosa e Patrícia Pinto...que fantástico! Muito agradecido a eles pelo gesto demonstrado!

Hobalhamadeus...que valente empeno!

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