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CUT 2016 - 55K


Trim trim trim…hobalhamadeus, que é isto?

Raios partam o despertador…aiiiii 5 da manhã, bolas tenho de me despachar é dia da prova das Caldas.

Depois de não ter tido sono ao deitar e de dar umas tantas voltas e revoltas e contravoltas na cama só a pensar que me teria de levantar cedo para ir à prova, aqui estou eu fresquinho na mais pura versão zumbi. Ele é ombreiras das portas, ele é tropeções nos chinelos…ai ai café onde estás tu?

Como habitualmente sofro do síndrome de pré prova. Por muitas que faça a véspera é sempre um martírio de ansiedade. A verdade é que nem é bem pela prova em si, mas pelo ambiente que adoro viver antes e durante a prova, o encontro de amigos a energia que paira no ar, o cheio a pomadas de aquecimento, dos géis, das conversas sobre técnicas e equipamentos, das discrições das mazelas sofridas, das provas já feitas…isto é melhor por causa disto, aquilo é melhor por causa daquilo…no fim a coisa já pia fininho pois estou todo atrofiado e quero mesmo é tomar um banho e mudar de roupa para poder descansar hahaha

Pronto, contas feitas e sacos preparados, equipamento pronto lá vou eu para Muge à espera do Rui Pereira que me irá fazer companhia a caminho da prova e quiçá durante a prova…ou pelo menos terá de esperar por mim no fim pois eu é que tenho a chave do carro hahahaha.

Chegados ao local e dorsal levantado começo logo a encontrar amigos…vejo logo o meu amigo Luís Mota que estava a dar um dedo de conversa com mais um amigo. Ainda encontro a Carmen Henriques e o Manuel Vitorino e logo depois o meu amigo Félix…outros mais encontraria se a minha prova não fosse uma hora mais cedo que a prova de 25k…

Um, dois, três…são 8 horas, vamos lá começar a dar à perna…

Partimos num ritmo de arranque generoso e que se foi adaptando à medida que a distância se alongava. A temperatura estava uma maravilha, uma ligeira “borraça” aliada aos 17 graus e à névoa persistente, muito bom para correr.

Lá fomos progredindo ouvindo um ou outro na conversa, tudo numa boa descontração e ainda em grupinhos de 3 ou 4, chegado mais ou menos ao km 14 a coisa mudou de tom. Os olhos arregalaram-se e as pernas avizinhavam o bom do empeno…arribas e escarpas, escaladas e (des) caladas, um sorriso nos lábios e como já ia sozinho nessa altura lá ia praguejando entre dentes alguns dos mais belos nomes feios que me ia lembrando. O mundo quase parou ao parar e sentir-me tão pequenino nesta imensidão de rochas e mar, uma beleza sem fim e um sobe e desce de arribas que nunca mais acabava.

Que vontade de gritar para o mundo todo –Eu estou aquiiiiiiii – mas o melhor foi mesmo não o fazer pois ainda algum elemento de apoio me enviava os senhores da bata branca e ia logo descansar mais cedo. Assim gritei: - hobalhamadeus – e lá fui descendo e subindo e saltando entre pedras e calhaus.

Fui assim neste pé ante pé até ouvir vozes atrás de mim e vejo os meus amigos Manuel Vitorino e Carmen Henriques, boa vou ter companhia um par de kms (e foi mesmo pouco mais que um par de kms). E lá demos uma ou outra palavrinha até chegarmos a Salir do Porto e descer a famosa Duna com um belo zig zaguear.

Meia prova feita e um belo banquete para devorar…rissóis de leitão, croquetes de leitão, bolos diversos, frutos secos, água, isotónico, sumos, melancia, laranja, sal, tomate e sei lá mais o quê porque o meu cérebro com esses kms todos já começava a demonstrar a sua verdadeira natureza hahaha

Tiro a areia das sapatilhas e oiço a Carmen a dizer… - Bora?, e eu… - Sim, sim vou já…

Claro está que nunca mais vi nem a Carmen nem o Manuel…só depois de eu chegar e eles com o banhinho tomado…ehhhhhh gente danada para correr!

Sigo novamente sozinho até cerca dos 35 kms onde ficava a segunda passagem do abastecimento da fonte e onde comi uma bela bifana e uma refrescante mini e mais melancia com fartura. Sigo então com um atleta que me fez companhia até ao final e onde fomos conversando e arrastando e penando e sorrindo, mais no pensamento que na efetividade. Íamos puxando um pelo outro. Obrigado nº 61 que não sabendo o teu nome agradeço a companhia!

Pouco mais à frente entramos novamente nas arribas…claro está, faltavam as arribas todas até ao último abastecimento da Foz do Arelho.

Encontro forças para imaginar mais nomes feios e asneiras mirambolescamente espetaculares e peço logo... - Umaaaa miniiiii sff

Mais uma mini e melancia e queijo e chocolate e marmelada e seguimos pelos novos passadiços da praia… cerca de 800 mts de passadiços muito agradáveis.

Vejo (na possibilidade da minha pitosguice) a malta na praia e imagino-os a pensar: - “olhem só aqueles desgraçadinhos todos esfalfados e sujos com ar esgazeado a correrem com um tempos destes tão bom…” e sim, o tempo já tinha descoberto e o sol espreitava e queimava bem a lombeira.

Tão concentrado (ou mais propriamente dito, tão desconjuntado e tão aparvalhado) que estava que a cerca de 200 mts da meta ainda pensava que estava a cerca de 1 km e numa outra rua…hobalhamadeus.

Lá acelero (pensava eu) o passo e corto a meta com 7H 49m de corrida e logo presenteado com uma caneca “Caldence” com o respetivo cara…(terístico) símbolo da faiança de Bordallo Pinheiro. Confesso, experimentei a caneca e não estava rota!

Vou ao banho…tou manco e todo empenado…hahahah

Despeço-me de alguns amigos e aguardo pelo Rui Pereira que estava no banho e de regresso a casa lá vamos contentes e cansados com mais uma aventura para contar e refletir…

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