Hobalhamadeus, que é isto?
Tirando o acordar cedo que já é habitual nos dias de provas, levanto-me com a sensação de que irei apanhar uma valente molha que nem a Nossa Senhora de Fátima me irá ajudar…hahahaha
Depois dos afazeres do costume pela manhã…pego no carro e rumo em direção ao Centro de Estudos de Fátima, local de encontro, partida e chegada do III Trail de Fátima. Das 3 edições realizadas já participei nas duas últimas e este ano ainda gostei mais que o ano passado, provavelmente porque trouxe de lá um empeno mais acentuado hahaha
Chego a Fátima pelas 7h40m e o milagre apareceu…começou logo a pingar…boa, a coisa promete…
Levanto o dorsal e o chip da offcrono e lá vou eu começar a passarinhar aqui e ali, entre o equipar-me e o beber café.
Entretanto começam a aparecer caras conhecidas. Cumprimento o meu amigo Jorge Martins, o David “selfiman” Clemente, o João Silva do trilho perdido e outros tantos que perdoem-me, mas não me recordo dos nomes…é da idade…ainda vi o Luis Mota, mas ao longe e infelizmente não tive a oportunidade de o cumprimentar. E no fim, ao chegar a casa e começar a ver algumas fotos e as classificações provisórias é que vi que estavam presentes outras grandes máquinas do trail nacional assim como a Célia Azenha, o Jorge Serrazina, Custódio António…e eu metido no meio desta gente à espera de começar a palmilhar terreno por entre estes espetaculares trilhos.
Este ano para além de haverem novos trilhos começamos com umas belas subidas e descidas para começar a empanturrar os músculos das pernas…ai ai ai valha-nos Nossa Senhora de Fátima…mas pronto, não nos valeu e tivemos mesmo de subir, descer, escorregar, trepar, cair, dizer palavrões em maiúsculas tanto no pensamento como ao vento…era conforme a passada hahaha
Foi um circuito mais ou menos inverso do ano passado com o acrescente de novos trilhos e uma maior dificuldade. Cerca de 80 % de trilho bem técnicos com a ajuda do terreno molhado e enlameado pela chuva da véspera e a do momento…sim porque para além de estar um pouco de frio tanto caíram uns breves pingos refrescantes. Resumidamente esteve um tempo propício para a prática da modalidade!
Às páginas tantas andada eu à uns kms sozinho algures a seguir fitas de marcação e a subir e descer quando escorrego e executo um sku de grande categoria…uiiiiiii que a coisa achatou a nalga hahaha levanto-me mais rápido que caio e olho para cima e para baixo para ver se alguém tinha visto…um quadro digno dos desenhos animados “estou bem, estou bem,…” sempre com uma grande energia no impulso dorido ao levantar. Foi a maneira de esquecer um pouco a dor nas pernas e pensar na dor do rabo hahahah, mas rapidamente a dor das pernas se sobrepôs novamente e toca a andar ou correr daqui para fora…ou melhor daqui para baixo pois estava a descer…e bem!
Por entre um belo acumular de lama nas sapatilhas e uns ligeiros comes e bebes nos abastecimentos e ainda um saboroso brinde com espumante num deles para acompanhar o belo do pastel de nata que estavam ao dispor dos atletas lá fui seguindo e olhando para o relógio e ver o subir do acumulado positivo da prova e ainda cheguei a pensar que fazia em 4 horas…mas claro está…não consegui e ainda ultrapassei em 39 minutos. Aos 30 kilómetros tinha 4h12m, mas como a prova de 30 km teve 32,900 km e um acumulado de pouco mais de 1200 D+ com os últimos km a subir demorei um pouco mais. Mas o que interessa é que adorei cada bocadinho do tempo despendido na prova, cada dor acumulada, cada sorriso entre dentes jorrado, cada palavrão dito já com pouca energia, cada grama de lama e água que juntei só para mim (é que havia muito para todos…)!
Chego ao fim e à meta com a sensação do dever (leia-se prazer) cumprido!
Tomo um belo e quente banho, mudo de roupa (que com o banho tomado parecia mal emporcalhar-me de novo com a mesma roupa hahahah), vou ao local dos comes e bebes e como uma sopa de legumes, uma bifana e como não havia vinho tinto (imperdoável) tive de beber uma cerveja…arghhhhh
Pronto…toca a ligar o carro e fazer-me à estrada para casa…
Hobalhamadeus…