Hobalhamadeus, que é isto?
Fim de semana de prova, fim de semana molhado…provavelmente em vez de sapatilhas levarei as barbatanas e a bóia, tentarei nadar...
Sexta feira de manhã ainda fiz um treino rolador tranquilo de 15 km para manter as pernas ativas para domingo na Maratona do Porto. O céu entre o vai chover e o querer fazer sol com vergonha. Resultado; nem choveu, nem fez sol… Mas quando terminei o treino o esforço que as nuvens fizeram ao conter a água terminou num sorriso delas ao aliviarem a carga…safei-me hehehe
Sacos arrumados, tralhas prontas para arrancar sábado de manhã rumo ao Porto…
É noite e o sono nem vê-lo, meia-noite e meia…bolas tenho de dormir, afinal tenho de acordar às 5:30…
Trimmm trimmm trimmm, que som irritante! Hobalhamadeus…tenho de me levantar. Desta vez o modo ativo de zumbi matinal foi acompanhado também pela minha mulher que também foi para o porto para participar na prova da Family Race de 15 km. Nervos à flor da pele, unhas roídas e palavras ao vento; “mas porque é que me foste meter nisto, se estiver a chover muito não vou correr…e doí-me isto e aquilo e tenho sono e coisa e tal e etc…” e eu: “ sim, sim pronto…olha que já estamos a ficar atrasados…”
Por incrível que pareça ambos ficamos prontos antes da hora combinada com o nosso amigo Daniel para nos levar a Lisboa, ao autocarro que nos levaria para a Invicta.
6:45 e nós a caminho da capital… Chegamos lá bem rápido pois àquela hora e ao sábado de manhã a estrada estava desimpedida. 8 horas e nós junto ao local onde apanharíamos o autocarro da RunPorto em colaboração com a amiga e atleta Ana Pereira que trata todos os anos desta viagem.
Seguiu-se uma viagem tranquila e animada com troca de conversas que rondavam provas, corridas e afins…novos amigos, novas aventuras.
Com uma paragem pelo meio para descansar e para aquilo que conviesse durante meia hora, chegamos à rotunda da Boavista no Porto eram 13 e pouco. Sacos, mochilas, saquinhos, mochilões retirados por todos e uns tradicionais desejos de boa prova para o dia seguinte entre a malta lá fomos cada qual para os seus lados. A rotunda escoou o pessoal para os seus albergues, hotéis, quartos, casas, dormitórios…sei lá… Nós ficamos no Hotel Tuela Porto mesmo pertinho da rotunda, que foi uma mais valia para não termos de andar muito, coisa que nuns 300 mts se fizeram bem melhor sábado que no domingo para regressar ao autocarro após a prova feita…fónix…300 mts que pareceram uma eternidade de metros.
Instalá-mo-nos e descansamos um pouco para rumar a um restaurante para a regional francesinha, sim porque isto de ir ao Porto e não comer uma refeição de francesinha até parece mal hahaha. Regressamos ao hotel cedo e ainda cansados e preparamos tudo para o dia seguinte onde tomaríamos o pequeno almoço a partir das 6:30 para embarcarmos num autocarro às 7:30 que distribuía os atletas dos hotéis até ao local da Maratona e recolhia depois da prova de regresso aos respetivos hotéis.
Para além do pessoal dos autocarros que reconheci algumas caras das provas onde nos cruzamos entre as quais a Analice Silva a nossa decana do atletismo de longa distância. No sábado ainda encontrei os meus amigos João Paulo Félix e o Helder Silva com o filho e mulher Elis Silva. Conhecemos ainda um simpático casal, o Nelson Barreiros e esposa que curiosamente ficaram hospedados no mesmo hotel que nós e porta com porta…
A coisa começou pelas 9 horas onde um certo nervosismo imperava que foi aumentando de tom à medida que a hora certa se aproximava e o speaker falava…partida!....
Em modo de semi atropelamento lá consegui passar pela linha de partida um pouco depois de 2 minutos passados sobre o apito inicial. Pois aqui é que conta o tempo útil da corrida…tempo de chip vs tempo oficial. Nunca percebi bem porque é que diferem estes tempos se o real é mesmo o do chip…enfim. Pormenores para gente mais intelectual que eu…
Vou progredindo com as pernas soltas e observando os outros atletas…passo uns, sou passado por outros, mas num generoso ritmo que me estava a saber bem e no entanto com certo receio. Pois apesar de a cerca dos 10km a natureza me chamar a um escondido recanto de uma moita que tinha sede hehehe. Até aos 30 km fui num ritmo abaixo dos 4.50 m/km os quais tive de reduzir ao acusar certa fadiga, mas no fim ainda deu uma média geral de 5:02 m/km nos 42, 650 km percorridos.
Fiz uma prova muito solta sem cãibras e sem dores para além das normais esperadas pela fadiga e pela distância…um percurso muito bonito até o cérebro entrar no automático e só olhar para o relógio e a estrada em frente…
Durante a prova e nos cruzamentos do percurso ainda tive oportunidade de cumprimentar inicialmente a cerca dos 12 km a minha esposa e aos 23 km o meu amigo João Santos, Jorge Martins, que iam francamente mais avançados que eu…hehehehe. Curiosamente uns momentos antes ainda na zona de Vila Nova de Gaia passa pela minha frente vindo em sentido contrário a grande atleta Ester Alves que andava a treinar como habitualmente e a acompanhar alguns atletas durante certas zonas do percurso da maratona. Mais à frente e já depois de atravessar novamente a ponte ainda me cruzo com os meus amigos João Paulo Félix, Helder Silva, Marco Domingos. A cerca dos 38 km começo a sentir alguns músculos a quererem prender devido ao esforço continuado, mas como faltava tão pouco…que se lixe….só têm é que aguentar! Passo pela espetacular ultra-maratonista João Oliveira que ia em modo de passeio a acompanhar a companheira e cumprimento-o e mais à frente ainda tive a oportunidade de cumprimentar o João Meixedo e trocar umas palavras sobre as 24 horas, das quais ele faz parte da direção, e confirmar-lhe a minha presença para 2017.
Sigo em frente já num ritmo mais modesto a pouco mais de 5 m/km e subo pelo percurso final até ao speaker que estava a incentivar os atletas a 1 km da meta. Ouvem-se aqui algumas ovações na zona da reta final onde nos enche os ouvidos e o coração…acelero nesta fase e ainda ultrapasso uns tantos atletas.
Cruzo a meta, paro o cronómetro, respiro enfim…ufa…esta já está!
Uma maratona é sempre uma maratona, prova rainha do atletismo. Embora já tenha feito algumas maratonas e ultras (curtas) de trail, em estrada é a segunda que faço. Consegui com isto melhorar em 19 minutos o meu tempo da Maratona de Sevilha deste ano.
Tempo de chip 3h34m41s com um ritmo médio de 5:02 m/km e um tempo oficial de 3h36m30s, ficando na posição 1344 da geral.
É de salientar que no fim da minha prova tive a excelente receção da minha esposa que veio ter comigo entre a alegria e o choro feliz a dizer que tinha conseguido fazer a prova dela. Um bom momento! Ela superou a expetativa dela nesta prova de 15 km. Nunca tinha feito tal distância. É uma grande mulher!
Hobalhamadeus, é tempo de descomprimir e olhar em frente…esta já está feita…e bem feita!