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Trail Run Socorro e Archeira 2017


Hobalhamadeus, que é isto?

15 Janeiro - Primeira prova

Esta coisa dos trails tem muito que se lhe diga. É necessário muita força de vontade e uma mecânica psicológica muito disciplinada para aguentar (ou tentar aguentar) muitas horas em prova debaixo de um esforço por vezes quase sobre humano, querendo o corpo parar e a mente a ordenar para seguir.

E entre breves ou intensos praguejares e sorrisos de deslumbramento pelos trilhos e paisagens, algum sangue e suor que partilhamos durante o percurso lá nos vamos fazendo às metas sempre que partimos. Sim, porque apesar de (pelo menos eu) ir sempre em modo descontraído e dentro das minhas capacidades, a intenção é sempre cortar a meta dentro do tempo limite da prova. E aí sim, sorrimos e choramos quase descontroladamente ao sentir que o nosso esforço foi compensado, foi superado e conquistado.

Sobe-se, desce-se, andamos na lama, na água, com frio intenso, com calor abrasador, corremos, andamos, adquirimos dores em músculos que nem sabíamos que tínhamos, desejamos terminar o mais rapidamente que podermos, às vezes desejamos prolongar a prova para apreciar a natureza em tão belas paisagens, mas sempre, sempre me enche o coração ao cortar a meta! Disto eu não tenho dúvidas nenhumas!

É esta sensação e satisfação da dor adquirida, da plenitude quase etérea do pós prova onde recordamos (quando se consegue) por onde passamos, onde nos unimos com a natureza, é esta “coisa” que me faz seguir e seguir e querer um pouco mais cada vez que faço uma prova.

Por vezes não nos superamos, ou corre menos bem e ficamos a dançar na noção de que poderíamos ter feito melhor se…se…se…sempre o “se eu tivesse feito assim…”

Dito isto lá fui eu para mais uma prova, esta a primeira da época de 2017. Trail Run Socorro e Archeira na vertente de trail longo 29k…

Como na véspera à noite ando sempre em stress a preparar as traquitanas para levar à prova, de manhã ao acordar (quando consigo dormir alguma coisita de jeito) tenho a sensação de que esqueci alguma coisa. E geralmente é verdade, esqueço hahaha, mas nada de importante ou extremamente necessário, desde que leve as pernas e as consiga trazer (com empeno ou sem empeno).

Lá saio eu de casa pelas 6:30 para chegar ao Dolce CampoReal Resort no Turcifal, Torres Novas onde chego por volta das 8 horas. Ando às voltinhas para estacionar e lá pelas 8:15 consigo um cantito para o carro, tal não era a quantidade de atletas e curiosos por aquelas bandas.

Caras conhecidas e cumprimentos feitos, uma ou outra foto, equipamento colocado e dorsal a posto inicio um mini aquecimento que teima em continuar bem gelado. A relva do resort continua com a luminosidade do gelo o que torna bem escorregadio…

Briefing feito e partida dada pelas 9 e pouco lá iniciamos nós a prova que partiu em conjunto com a prova pequena de 18k.

Nem 10 metros tinha feito quando assentei o rabo no chão ao escorregar na relva com gelo…tumba, já foste…mas levantei-me um pouco atordoado e a coxear e lá fui indo ao sabor do corpo frio…bolas que gelo.

Este ano a prova para além de ter trilhos novos também começou onde o ano passado tinha terminado ou seja, fizemos uma prova invertida, o que levou a logo nos primeiro 3,5 km ter atingido perto de 400 D+ e quase esgotado o meu plafond de palavras feias, porcas e más. E ainda por cima, apesar de escorrer suor estava ainda bem gelado e com frio…

Foi um infindável sobe, sobe, sobe e desce vertiginosamente pelas serras da Archeira e do Socorro que muito me deslumbrou pela magnitude tamanha da paisagem. Para quem não conhece ou não tem sequer a noção do percurso aconselho a ver a reportagem no Youtube “Trail Socorro e Archeira 2017”

Simplesmente espetacular! Este ano achei o percurso muito mais duro e difícil que o ano anterior. Foi muito desgastante e não estava à espera de fazer tanto esforço durante o tempo que andei por lá. Mas no seu conjunto foi de facto muito gratificante a agradável, com trilho técnicos bem difíceis, longas subidas em “paredes”, descidas onde os músculos se embraseavam de tanto tentar travar. Infelizmente o trilho do ribeiro estava seco em quase todo percurso, salvo algumas dezenas de metros que tivemos mesmo de molhar o pé…

Houve também uma subida (sim, mais uma…a final) onde no meio de rochas soltas e grandes pedragulhos a batizei de “bestinha” à laia da Serra da Freita…em comparação seria um bébe bem pequenino, mas como eu já estava todo esganado e esfalfado e quiçá rebentado lembrei-me da “Besta” da serra da Freita. E não é que a tivesse feito (ainda), mas pelo que me têm descrito e já vi em filmagem, é qualquer coisa de respeito…hobalhamadeus, ainda estou a terminar esta e já cheio de empeno e já penso numa muito maior e com um empeno descomunal…(pode ser que em 2018…)

Começo a descer a última parte do percurso que creio que tenha sido cerca de 3 km e no meio de dois valentes entropeções onde, à vez, me saíram os gémeos e onde, à vez os coloquei no devido local…que teimosos, a saírem do local de trabalho…toca a dar à perna, está quase a terminar.

Se na bestinha me passam 4 atletas, já nas centenas de metros finais volto a passar pelo menos 3 atletas, que creio que sejam da caminhada e do trail curto…

Corto a meta e trazem-me logo a medalha finisher e um pastei da região que me soube que nem ginjas…

Resumidamente, gostei muito do percurso, marcações muito bem colocadas e com avisos de perigo nos troços mais difíceis…só pecou pelo conteúdo dos abastecimentos que achei muito fracos, inclusive o abastecimento final após a chegada que era muito inferior em relação ao ano passado, mas o caldo verde estava uma maravilha.

O local escolhido para os atletas deixou de ser no próprio hotel (o que era uma mais valia) e passou a ser em local próprio, mas que se verificou insuficiente e bastante menos aprazível. E ainda por cima só com dois wc e um duche para os homens. Nas mulheres creio que também fosse assim…

Prova tecnicamente muito exigente e superior ao ano passado! Os mimos é que fraquejaram… Como é uma prova um pouco cara seria de bom tom adicionar pelo menos uma t-shirt técnica alusiva, não é que me faltem t-shirts, mas a malta gosta e o povo agradece...e melhorar os abastecimentos…

Hobalhamadeus…comecei a época com um valente empeno!

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