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24 Horas Portugal 2017


Hobalhamadeus, que é isto?

Dia 9 e 10 de setembro...

Esta é uma prova que cada vez gosto mais de fazer, é o terceiro ano consecutivo em que participo e estou sempre a aprender algo de novo. Seja a gerir o esforço, a alimentação, a hidratação ou o descanso. E este ano apesar de me ter custado bastante mais que o ano passado tive uma recuperação (e ainda estou a recuperar) mais rápida e até fiz 4 km a mais que na edição de 2016.

Parti na véspera juntamente com a minha mulher que me iria dar o apoio necessário durante o meu esforço. Seguimos rumo a Vale de Cambra ao final da tarde para lá chegar por volta das 21 horas.

Foi tudo muito rápido...chegar ao alojamento, fazer o check in, sair do alojamento para ir jantar e dar um pequeno passeio, voltar ao alojamento e preparar o equipamento para a prova...e finalmente descansar, ufaaa.

Chega finalmente o dia 9 de setembro ao som do despertador às 8 horas. Acordámos e despachamo-nos para o pequeno almoço que se revelou bastante agradável. Rumamos para o Parque Urbano de Vale de Cambra, local onde vai decorrer a prova. Um espaço muito agradável e muito bem distribuído pela organização onde não faltarão familiares, amigos, atletas e afins a incentivar todos os atletas que estão em pista...sempre com uma palavra amiga e simpatia!

Assim que chegamos fui logo levantar o kit de atleta e fomos para a zona relvada (ou melhor, ervada hehehe) para montar a tenda e deixar os sacos com o material para o meu apoio e o material para a Dina Barroso descansar e poder dar-me o incansável apoio que me prestou!

Entre o montar a tenda (que correu muito bem este ano) e o equipar ainda tivemos tempo para ir ao café, cumprimentar alguns amigos dos quais encontrei logo o João Meixedo e o Vitor Dias não fossem eles o cérebro da "coisa". E cerca das 11 horas quando já equipado e preparado para me dirigir para a partida hei que um jornalista do Canal Porto me pede se posso dar uma breve entrevista para falar sobre a prova...é claro que aceitei e lá "parlapiei" uns motes sobre o esforço, a importância dos amigos e familiares, a alegria que é gostar de correr e breves apontamentos sobre como gerir o esforço.

Eram 11:45 e junto-me na box de partida onde foi feito um briefing sobre a prova e algumas das alterações relacionados com a mesma. Cumprimento aqui o meu amigo Ico Bossa e trocamos umas palavras e começo a ver o nervoso miudinho na generalidade dos atletas a postos. Quando mesmo junto ao meio dia começa a música dos Vangelis "Conquest of Paradise" vêm-me literalmente as lágrimas aos olhos, que bonito momento quando se dá a partida. A concentração, a música, as dezenas de pessoas a ver e a aplaudir, o momento, tudo e tudo...foi um momento mágico!

E pronto lá começou a prova e desde logo se destacaram os atletas a solo e os das equipas de 4. E apartir daqui foi gerir a prova e o esforço e a hidratação e a alimentação. É de salientar que este ano lamentavelmente a alimentação dos atletas das 24 horas também se pagou, nem sequer os cafés e chás ou as sopas eram gratuitas como nos anos anteriores. Já nem digo as refeições propriamente ditas. Este é o ponto negativo que tenho de salientar este ano porque de resto foi tudo excelente!

Faço a primeira paragem aos 28 km para comer. Entre a vontade de comer algo mais substancial e quente e as idas ao wc e uma das vezes que fui descansar 40 minutos porque adormeci duas vezes no percurso, eram 3h30m...fónix, parecia um morto vivo hehehe, fiz 12 paragens. Se durante o dia a temperatura se revelou muito amena não ultrapassando os 28 graus, mas com um vento algo forte, durante a noite as temperaturas oscilaram entre os 5 e os 7 graus, é verdade. Um frio do caneco. Ao mesmo tempo era divertido ver o desenrascanso de cada um para combater o frio...gorros, cassacos grossos, cobertores, calças, caschecois hahaha. O que valia era que dentro do padock haviam alguns aquecedores de poste a gás que aqueciam bem o ambiente e era ve-los a dormir nas cadeiras, no chão dentro dos sacos cama, tudo valia para não ter frio... Realmente não foi fácil gerir o frio e produzir calor num corpo já bem cansado e enfraquecido e a privação do sono que se revelou atroz, mas lá se fez tudinho dentro dos objetivos.

Para me ajudar a superar tudo isto tive o apoio incansável da minha mulher que em cada volta estava sempre a perguntar-me se queria mais alguma coisa. Para além da companhia que me fazia preparava-me uma dose de Tailwind sempre que lhe pedia para eu ir bebendo. O que a verdade seja dita me auxiliou bastante evitando o desgaste do estômago por comer muitas porcarias ao longo das 24 horas e ainda me deu algum equilíbrio energético e de hidratação.

Muitas e muitas horas a correr e a caminhar e a sonhar e a praguejar e a sorrir...

Este ano o abastecimento permanente em pista estava situado a meio do percurso, ou seja a cerca de 1 km da partida, o que não permitia que os atletas que iam terminando as suas provas, sejam as de 3 horas ou as de 24 horas e seja a solo ou em equipa pudessem ter um abastecimento final como seria de esperar, mas de resto tudo bem até nem houve muita comunicação sobre o assunto...

Resumidamente e depois de estar bem esgotado termino com 64 voltas, 136,320 km na 23ª posição entre 69 finishers.

Quero agradecer publicamente aos meus amigos, família e especialmente a minha mulher Dina Barroso pelo carinho e apoio durante todo o tempo facilitando em muito a minha prestação!

Fico contente pois terminei fazer mais 4 km que o ano passado e aprendi sempre mais alguma coisa em gerir o esforço e a nutrição ao longo destas horas. Para o ano se tudo correr bem será ainda melhor!

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