top of page

Trilho das Dores 2017

Hobalhamadeus, que é isto?

24 de setembro...

Esta prova é uma prova que tem crescido muito ao nivel do profissionalismo. Não é por nada que este ano fez parte do Campeonato Nacional de Trail séries 150.

Prova de grau 1 segundo a própria ATRP, mas que para mim roçou muito o grau 3 comparativamente com outras que já fiz de grau 2 e 3. Integrou-se no Lacatoni taça de Portugal de Trail 2017.

Como neste tipo de prova já é habitual, de véspera preparo sempre tudo para que de manhã não ande desorientado à procura disto e daquilo. Toca o despertador às 6 horas, coisa que nem é muito cedo visto que as Abitureiras ficam só a 45 km de casa.

Tudo previsto para pegar no carro e chegar lá um pouco depois das 7h 30m, coisa que realmente aconteceu.

Embora saiba que tenha ido pela estrada praticamente nem a vi tal era o nevoeiro denso que se fazia sentir desde que saí de casa e uma boa temperatura de 6 graus que apanhei pelo caminho. Mas sem stress, quando começamos a correr a temperatura aumentou bem, o nevoeiro dissipou-se e lá para as 13 horas já rondava os 30 graus...fónix!

Uma prova com muitos atletas conhecidos e amigos os quais é muito frequente nos encontrar, mas tantos numa só prova foi a primeira vez, incrível! É realmente uma prova bem acolhedora cuja organização pondera sempre pela rigor e profissionalismo. E para além disso são bons amigos! Foi chegar e encontrar o David Clemente, o Rui Pereira, o Belmiro, o Helder Gomes, a Sofia, a Paula Rodrigues, o Mário, O Manuel Vitorino, o Rui Brilhante, O Paulo Roque, a Lina, a Teresa, o Jorge Serrazina, o Jacinto, o João Campos, O Luis Silva, o Marco Domingos (aqui na versão de speaker), o Pedro Fogueteiro, o Bruno...entre tantos e tantos outros amigos que peço desculpa por os não ter aqui enunciado. Foi uma maratona de cumprimentos hehehe. É fantástico toda esta cordialidade familiar no seio de tantos atletas.

É feito o controle zero para verificar se temos todo o material obrigatório exigido pela organização e damos uma breve volta à igreja para podermos passar pela zona da meta para que se possa ativar os chip's devidamente. Tudo é assistido por membros da direção da ATRP.

A madrinha da prova foi nada mais nada menos que a Inês Henriques, campeã mundial dos 50 km marcha. Uma grande ovação para esta senhora da marcha nacional e mundial!

9 horas...partida!

A partir daqui e durante os primeiros 3 a 4 km foi um entusiasmo geral e conversetas pelo percurso que só visto. O problema é que após isso começamos a entrar mais nas subidinhas, embora até à separação da prova curta com a grande não fosse assim tão mau, assim que nos separamos os atletas do curto foram por um local quase plano e nós...pimpa...toma lá e embrulha...uma bela parede pela frente. Pronto lá está aqui começou logo tudo a piar fininho e ainda no geral se mostrava a adrenalina e o vigor da prova, coisa que rapidamente se foi definhando enquanto íamos "escalando" paredes atrás de paredes e "descalando" abismos atrás de abismos...hobalhamadeus. Então não se pode correr??? Ora se sobe e bem, ora se desce e se escorrega, foi de tal maneira que até ia ficando zonzo com tal sinusóide de terreno. Sensacionais esta malta do trilho das dores, já que pagamos eles iam enchendo o "saco" com elas...sim elas, as dores hahaha

Com abastecimentos distanciados a cerca de 6 km cada que pareciam mais 20 km que outra coisa. Ainda por cima houve uma vez que quase após ter saído de um dos abastecimentos à quase 1 hora olho para trás e vejo-o a apenas uns míseros 1000 metros em linha reta caso tivesse asas e voasse. Ai como eu gostaria de ter asas para voar pelos trilhos das dores...mas não fui mesmo com as pernas sentindo a cada passo o latejar dos músculos que eram torturados ora up hill ora down hill. Bolas, o que eu gostaria de poder correr um bocadinho só em terreno menos "dentado" para descontrair as pernas...toca a subir! Opsss agora desce lá...

Há muito tempo que não tinha caibras, mas desta vez até tive de tomar um suplemento de magnésio para ajudar a colmatar a dor da cambria do abdutor interno da perna direita. Lá foi passando aos poucos durante uma bela subida. Podia ter parado um bocadinho para descansar mais e recuperar mais rapidamente, mas não era a mesma coisa...sofria-se menos hehehe

Foi uma desolação ver grande parte da serra e foram mais de 5 km com tudo queimado. Quase parecia que estávamos noutro planeta. Árido, seco, quente, um forte odor a queimado pelo ar. O terreno sem aderência obrigava a que muitas vezes só com o apoio das mãos no chão se progredisse serra acima. Algumas vezes parava no meio e no cimo da serra, tanto para retomar o fôlego e descansar um pouco como também observar com sentida tristeza toda aquela outrora beleza verde agora castanha e preta, pintada de fuligem e suor do esforço de quem aqui lutou dia e noite para terminar esta fustigação incendiária.

Aos poucos e já sem vontade de rir e mesmo praguejar e com poucas forças para avançar dou por mim a pensar que para o ano já não deverei de ir a esta prova. bem isto foi durante um certo período pois assim que terminei e recuperei disse logo para mim próprio que para o ano que vem já me deve de custar menos hehehe....lá está...para o ano que vem!

Atingimos os cerca de 1600 D+ começamos a ter espaço para rolar um pouco, faltavam cerca de 4 km...era o que eu queria. Poder correr um bocado e rolar, mas e pernas agora???? Fiz este percurso final entre uma espécie de corrida a 7m/km e a marcha lenta. acho que o mais rápido que fiz foi na última subida para a meta. Bem, mais rápido a caminhar é claro. pois se já quase não conseguia correr em terreno plano quanto mais a subir hahaha

Termino! Finalmente...bolas. Tinham passado 6h22m desde que tinha iniciado e nem sequer chegou aos 35 km. Cumprimentos, agradecimentos e parabéns incluídos converso um bocadinho com a malta da organização que me perguntaram o que eu tinha achado...o que eu tinha achado???? Achei que foi um belo parte pernas num desgastante sobe e desce com mais de 90% de single tracks onde tanto nos embrenhavamos na vegetação densa como pela árida ausência da mesma devido aos incêndios. Também tive a oportunidade de referir que as marcações estavam exemplares sendo impossivel alguém se separar dos trilhos.

Devo também dizer que em todo o percurso se sentiu o esforço e trabalho de toda a equipa que integrou esta organização refletida no árduo trabalho mostrado a nós pelos trilhos limpos e a maioria abertos de raíz. Muitos meses de trabalho e suor. Formidável! Os meus sinceros parabéns a todos que neles trabalharam para nos proporcionar tão belas dores!

Terminei em 151 num total de 194 classificáveis dos 267 que iniciaram a prova. Fiz 6h22m nos mais de 1700D+ em cerca de 34 km.

Hobalhamadeus...trouxe um saco cheio delas...dores! Pela terceira vez...não é masoquismo, é gostar mesmo do trabalho desta rapaziada!...

bottom of page