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IX Trail de Conímbriga Terras de Sicó 2018

Hobalhamadeus, que é isto?

Hoje até é sexta feira dia 23 de fevereiro e depois de um dia de trabalho e de uma noite pouco dormida por causa da ansiedade (coisas de da cabeça hehehe) vejo-me a enfiar sacos e bagagens para dentro do carro quase como se fosse de férias...e que férias. Ele é saco com roupa lavada e material para o banho, são sacos para bases de vida, saco com sapatilhas, sacos de coisa gerais e...sacos vazios também...resumidamente ensaquei o carro hahaha.

Após ter jantado com a famíla saio de casa por volta das 19:45 com destino a Condeixa A Nova para a prova IX Trail de Conímbriga Terras de Sicó nos seus generosos 111 km.

Chego facilmente lá antes de duas horas de viagem pois vou calmamente pela estrada para não ter nenhum dissabor pelo caminho. Estaciono num parque subterâneo que estava aberto toda a noite e gratuitamente para os atletas e dirijo-me para o local de levantamento do kit. Como o local não era junto à partida, mas era perto, lá fui andando e perguntando. Ao chegar lá vi que toda a gente tinha mesmo de entregar o termo de responsabilidade e a declaração médica a confirmar que estava apto a fazer um esforço continuado de longa duração. Eu como tinha enviado por mail teve de ser também confirmado no momento. Tudo bem, kit levantado.

Dirijo-me para o carro para começar a equipar-me e dou de caras com um atleta que me reconhceu mesmo antes que eu o reconhecesse. E era nada mais nada menos que o Amadeu Teixeira, amigo que só o conhecia pelas suas fantásticas provas pelo facebook. Esta coisa das redes virtuais até que é engraçado, pois dentro deste desporto mais cedo ou mais tarde havemos de nos encontrar. Uma pessoa fantástica e bem falante que gostei de conhecer pessoalmente. Eu, ele e um amigo dele vamos para a zona de partida para o controlo zero. Ao chegar aí dispersamo-nos e nunca mais os vi...

Chego lá e vejo quase de imediato o meu amigo Rogério Venâncio. Cumprimento-o trocamos umas impressões e tira-me umas fotos desejando-me boa prova e que estaria algures num dos abastecimentos.

Entro na box de partida e encontro logo o Francisco Naia, amigo que foi sempre comigo até cerca dos 48 km. o Ico Bossa sempre animado, mas com muita calma, vejo também o David Clemente...sim, é claro que tirou selfies hehehe.

Enquanto estamos à espera que se dê a partida vejo no olhar de todos a ansiedade do começo, o bichinho da corrido a enfernizar as pernas, as cores e dizeres, as provas feitas e outras por fazer, o cheio a pomadas, cremes e hidratantes pelo ar. Tudo uma amálgama de adrenalina a pairar...vejo também grandes senhores do trail nacional...e vejo-os só mesmo antes de partirem hehehe Vamos lá isto!

Contagem decrescente e...partida! 00h00m

Muita gente a dar força e ânimo, palmas e nomes pelo ar...sigam gente doida, até mais logo...bem mais logo hehehe.

O início foi muito bom pois ao sair da cidade passamos pelas ruínas de Conímbriga com boa música e muita gente a ver-nos passar. Artistas com a arte do fogo pelo meio...espetacular! Apartir daqui é que entramos propriamente nos trilhos e pela noite dentro.

Ainda cumprimento o meu amigo Manuel Vitorino que é uma máquina dos trilhos e sempre sorridente, encontro também a meio de uma subida o meu amigo Orlando Ferreira. E a partir daqui eu e o Naia fomos sempre na conversa e tranquilos com vontade de chegar ao fim sem sonhos de grandes tempos, apenas sentir o percurso, disfrutar, correr e conhecer a zona.

Mais ou menos ao km 9 tento fazer boa figura para o fotógrafo e logo de seguida pumpa...foge-me o horizonte da frente e só vejo chão e chão hahaha. Por acaso até que caio bem e apoiando as mãos só rasguei as luvas hehehe.

Chego a Beiçodo muito tranquilo, vejo o meu amigo Frois, O Manuel Vitorino, como e bebo alguma coisa e sigo novamente com o Naia. Vamos avançando e conversando.

Ao chegar a Podentes vejo logo o meu amigo Rogério Venâncio que me deu apoio moral e ainda tirou uma foto hehehe. Estes abastecimentos são espetaculares e ainda por cima o local está quente, coisa que sabe muito bem visto que lá fora em certas zonas e horas da noite ainda atingiu os -4 graus...ui ui, era de deixar a boca dormente sem conseguir articular bem as palavras. Parecia que tinha a boca cheia de batatas hahaha.

Mais um abastecimento, desta vez no castelo de Penela, sim claro tivemos de subir a serra de Penela para lá chegar. Ainda estávamos fresco com apenas 25 km e a coisa estava bem tranquila.

A noite, de tudo é o que me custa mais a passar, primeiro porque estava um frio do caneco, depois porque fiquei tão sonolento que por volta das 3h30m da manhã parei no percurso e ao apoiar-me nos bastões fechei os olhos e literalmente adormeci e ia-me espalhando ao comprido hahaha...toca lá a correr um bocadinho para manter a pestana aberta.

De abastecimento em abastecimento lá vou comendo bem e sem sopa quentinha também. Chego à primeira base de vida em Alvorge por volta dos 48 km e mudo de roupa, mas curiosamente o abastecimento é muito fugaz...mas pronto , uns 6 km depois temos mais um abastecimento e este sim bem mais diversificado e em boa quantidade. Sempre com muitos queijos, bebidas, sandes, chouriço, outros com frango, leitão, bolos diversos, chá, café, sopas, gomas, batatas fritas, tomate, sal...sei lá mais o quê. Por vezes nem apetecia era sair de lá...

Chegamos então ao tão afamado Monte Sicó, ponto mais alto do percurso, monte com o seu ar majestoso de um maciço de pedra invejável...um colosso. Até aqui tinha vindo com o meu amigo Francisco Naia e um outro amigo que nos apanhou pelo caminho, Gabriel Rosa. Depois lá consegui manter o ritmo na subida e deixei-os um pouco para trás. Gostei da subida, mas pensava que seria bem mais difícil. Daqui sigo para o chamado Canhão de Vale de Poios, que outrora fora banhado por águas que escavaram todas estas vertentes escarpadas. Um local de uma paisagem deslumbrante sem dúvida!

Chego ao abastecimento de Tapéus, segunda base de vida e levanto o meu corta vento e coloco o frontal de reserva que a noite está aí à espreita e ainda me faltam uns bons 40 km.... Saio de lá e sinto logo o frio a regressar.

Passamos agora por mais uma zona de rara beleza que são as Buracas de Casmilo perto da aldeia de Casmilo, escarpas com grande grutas, creio que aqui ainda seja a serra de Sicó. Muito bonito!

O último abastecimento será feito a 11 da meta na freguesia de Zambujal onde a noite já quase nos brindava com a sua presença. Nota-se bem o frio já na rua. Como bem para este final, para manter as forças vivas.

Vamos para uns trilhos muito bonitos e espetaculares não fosse a noite encurtar o deslumbramento do percurso teria sido bem melhor. Rio de Mouros e a sua cascata...infelizmente devido à falta de água estava seca, o que faz perder um pouco do seu encanto, mas não deixou de ser muito bonito.

Às tantas depois de tanto subir e descer pelo difícil e perigoso trilho da cascata e já no acesso pelo monte à zona habitacional apanho um estradão e caminhos planos que as pernas até pensam que é mentira...epahhhh terreno plano??? que é isto???? hahahah

Ganho novo fôlego e apartir daqui ainda foram uns 4 km até à meta, passando novamente pelas ruínas de Conímbriga, nunca parei até passar a meta!

Terminei! Fónix...nunca mais terminava hahaha eram 21h57m, mas terminei e mesmo cerca de 100 atletas não tendo terminado a prova e uns 30 e tais depois de mim fico bem feliz e contente por ter terminado esta minha aventura!

Entregam-me os prémios finisher e ainda converso com o meu amigo António Gonçalves e esposa e vou direitinho ao banho para regressar a casa.

Cansado, feliz e sonolento...heheheh.

Hobalhamadeus...acabou!

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