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III Ultra Trail Costa Vicentina 2018


Hobalhamadeus, que é isto?

No dia 21 de outubro foi dia de prova pela Rota Vicentina…vamos lá explicar como é que a coisa correu.

A zona de Porto Covo é sempre bonita seja com chuva, vento, sol, calor ou frio, mas com tudo isso e mais uma corrida para fazer ainda é melhor…muito melhor!

De véspera rumo a Porto Covo juntamente com a Dina Barroso pois também ela iria participar na prova, mas na mais curta. Eu na de 59 km e ela na de 14 km ambas a terminarem na Praça Marquês de Pombal em Porto Covo, local muito bonito para terminar uma prova.

Para que possamos aproveitar um pouco do fim de semana, para além de irmos correr, saímos depois de almoço para fazer a viagem tranquilamente a pensar não na prova em si, mas na previsão meteorológica que a todo o momento ouvíamos…chuva, chuva, chuva…até pareciam que estavam gagos ou com a trovoada atravessada na garganta de tanto anunciarem, fónix!

Para variar e como fomos de carro levamos mundos e fundos (podia ser preciso…hahaha) para que não faltasse nada.

Chegamos ao pavilhão Multiusos de Porto Covo pelas 17 horas depois de termos parado em São Torpes para apreciar o mar e vê-lo repleto de surfistas a boiar na prancha à espera da onda.

Dorsais levantados rumamos ao Parque de Campismo da Ilha do Pessegueiro onde iríamos pernoitar.

À noite durante o jantar em Porto Covo ainda houve tempo para vermos amigos…claro…cumprimentos e meia dúzia de palavras com os amigos Tiago Rosa, Patrícia Pinto e Armanda Semeão e companheiro.

A prova não foi circular pois cada distância partia de um local diferente e em horários diferentes. A ultra partiria de Santiago do Cacém pelas 8h30m junto à Igreja Matriz no cimo do Castelo com autocarro de Porto Covo às 7h enquanto a prova da Dina Barroso partiria às 10h30 de Sonega com o autocarro para deslocamento às 9 horas.

Paramos no local mais acessível permitido ao autocarro perto do Castelo e sigo a pé até ao cimo juntamente com outros atletas. Estava um frio bastante simpático, o suficiente para me enroscar no corta vento que esteve vai não vai para ter ficado no carro. A malta começa a juntar-se e vejo algumas caras conhecidas como o Paulo Gomes, a Inês Peixoto, David Faustino e Célia Azenha.

Não éramos muitos e creio que só alinharam uns 80 atletas dos quais chegaram ao fim 61, mas foi uma prova formidável. Eu só pensava que teria mesmo de dar à perna com tão bons atletas presentes…e o frio a apertar hahahah. Até malta com sacos pretos enfiados quais manequins radicais havia . Espetáculo!

Havia uma máquina de café e uns bolinhos para nós gratuitamente que caíram que nem ginjas…grande organização, a olhar pelos atletas.

Briefing feito, pessoal alinhado para a partida, drone no ar, máquinas fotográficas a postos e eu na linha da frente cheio de pica. “Hoje parto em primeiro” pensava eu….

Partida!

Começo a correr com gosto e nem sequer tinham passado 10 metros já me tinham passado uns 7 ou 8 hahaha, mas parti na frente!

Descemos Santiago pela encosta Sul rumo ao Parque Urbano Rio de Figueira num ritmo bastante pesado para a distância.

Lembro que nos tinham dito que os abastecimentos eram mais ou menos de 9 em 9 kms, mas o primeiro apareceu logo aos 6 km e creio que até eu passar ainda não tinha sido estreado, tão poucos eram os kms efetuados até ao momento. Dos cerca de 6 ou 7 abastecimentos só perdi um pouco mais de tempo na Barragem de Campilhas aos 30 km, no Cercal do Alentejo aos 39 km e no Cabeço da Cabra aos 45 km onde nos disseram que só faltavam 7 kms e que o último troço da prova tinha sido alterado e já não iríamos para a Ilha do Pessegueiro e as arribas da rota Vicentina até Porto Covo por não ter sido autorizado. Mas também porque as pernas já começavam a acusar os kms (mas para bem do ego digo que era para me abastecer devidamente hahaha). Dos males esse o menos pois aligeirava bastante a dureza da prova, mas por sua vez retirava também grande parte da beleza natural. Enfim…

Durante os caminhos percorridos e ao olhar em redor vê-se bem a imensidão do relevo e do horizonte sulcado pelos montes alentejanos e pelos selvagens terrenos repletos de pegadas de javalis e outros animais. Um sem fim de natureza para nos deslumbrar.

Creio ter ouvido muita gente ao longo da prova a dizerem as mais variadas coisas; ora que era muito plano e obrigava a correr muito com pouco descanso, ora porque deviam de haver mais abastecimentos, ora porque com altimetria é que se fazia bem e que era muito estradão e que eram muitas subidas e descidas juntas. Ou ainda que me dói aqui e tenho uma lesão ali, ontem dormi pouco, não tenho vontade…tudo e tudo como se fosse a feira da ladra…ora assim ora assado, bem…desculpas de atletas que nunca se sentem bem. A malta gosta de correr, seja onde for. Umas vezes é melhor, outras menos melhor, mas mesmo assim é correr, divertir e partilhar experiências enquanto se adquirirem melhores conhecimentos e amizades! Isto é que é de valor!

O que eu gosto é de correr e se for muito e despreocupadamente ainda melhor…sem stress e numa competição salutar ou só para chegar ao fim feliz e com o sentimento de esforço bem digerido.

Passo antepasso lá vou eu progredindo, ora passando um ou dois atletas ora era ultrapassado por outros tantos.

Nesta prova a posição dos atletas ficaram logo aparentemente marcados a meio da prova pois pouca alteração houve a partir 30 km em Campilhas.

Sendo uma prova muito corrível raramente estive com o campo de visão sem atletas, seja à frente ou a trás…só nos últimos km, nos precisos momentos (e ainda foram cerca de 3 km) onde se abateu uma valente carga de água em cima de mim…de mim e dos outros, mas com os outros estava eu bem hehehe. Coisa que até me agradou bastante pois já estava com pouco mais de 50 km nas pernas e o gémeo direito estava a queixar-se. Uma chuvinha fresca tocada a vento como se uma lavagem auto se tratasse foi a cereja no topo do bolo.

A dois kms do fim vejo o meu amigo Paulo Gomes a andar em sentido contrário (já tinha terminado) para ir ter com a Inês Peixoto que ia poucos minutos atrás de mim e me disse que faltavam só 2,5 km, coisa que eu já o sabia pois já se via Porto Covo ao longe por entre a opacidade da água que caía.

A cerca de 2 km do final rompeu um sol forte e brilhante que fez com que ao chegar estivesse quase seco, até com o suor escorrido e tudo hahaha.

Desço até à Praia da Baia de Porto Covo, passo aquele troço ligeiramente molhado para subir para os últimos 500 metros onde um tapete vermelho me esperava junto à meta.

Que bonita chegada com a ovação de residentes e turistas, até deu impulso e acelerei na reta final e terminei num feliz salto de excitação em cima da linha de chegada.

Vejo logo os meus amigos e a Dina que vinha atrás de mim para ter comigo!

Fico ainda mais contente ao saber que ela tinha feito a prova dos 14 km em 1h22m e ficado em 4ª do escalão.

Gostei da prova pois sendo dentro de uma rota marcada não havia muita manobra para escolher grandes trilhos técnicos, mas estava devidamente bem marcada. E haja pernas treinadas e fortes a prova faz-se muito tranquilamente…sim, é claro que cansa, e muito…

Embora a prova não tivesse muita altimetria foi generalizada por um sobe e desce sempre prolongado e constante ao longo de todo o percurso até somar 1000 D+ e 1250 D-.

Termino em 31º da geral entre 61 que terminaram a prova e situo-me em 2º de escalão, tendo iniciado cerca de 84 atletas com o tempo de 6h18m29s.

Fiquei feliz!

Hobalhamadeus!

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