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Ultra Trilho dos Reis 2019


Hobalhamadeus, que é isto?

Trilho dos Reis? Mas quais Reis?...pensei eu umas boas semanas antes de me inscrever...

Luta e labuta entre o vai e não vai e o corre e o não corre lá me inscrevi após de ouvir muitas opiniões de agrado da edição anterior. Ora vamos lá ver o que vai sair daqui (pensei eu…). E pensei muito bem porque o que saiu dali foi um bonito e belo empeno hehehehe.

13 de janeiro bem cedo toca o despertador que me faz levantar num impulso de não saber ao certo porque estava a tocar às 4 da manhã. Deixei passar uns segundos e lá juntei os neurónios e fiz a ligação. Era dia de rumar a Portalegre para os Trilhos dos Reis e fazer 45 km na bela serra de São Mamede.

Já que a minha cunhada Ana Paula e a minha mulher Dina Barroso também estavam inscritas para a prova de 15 km fomos todos juntos pela noite dentro ver a alvorada na distinta cidade de Portalegre.

Como fomos cedo rapidamente encontramos estacionamento junto à zona de partida e chegado.

Frio estava, claro…nem seria de esperar outra coisa, mas também não era muito para além do normal para a época e local. Estavam zero graus…e manteve-se assim até às 9 horas, hora de partida.

Fomos levantar os dorsais e encontro logo amigos. Manuel Vitorino, um outro amigo dos Tolinhos da Corrida que agora não me recordo do nome, David Clemente, Patrício Patrício entre tantos outros. A maioria deles encontrei durante a prova enquanto subia ou descia algum percurso técnico….sim porque zonas planas não eram muito frequentes hahahaha.

Ora muito bem…medidas as coisas e cumprido o ritual de me equipar junto-me à amálgama de atletas que ansiavam pela partida, ou melhor pela pré-partida inicial ainda dentro do Mercado Municipal de Portalegre.

Após o briefing da minha prova e feito o desfile musical tão caraterístico dos Trilhos dos Reis onde abundavam tambores e alegria a marcar um ambiente semi medieval dirigimo-nos em modo de trote e conversa até ao local definitivo da partida. Aqui sim encontro os meus amigos Tó Serrão, Pedro Fogueteiro e Luís Silva.

Dá-se a partida num grande entusiasmo cheio de gritos e nervoso a pairar no ar de contentamento…siga!

Iniciamos junto ao Mercado Municipal de Portalegre numa grande azáfama e barafunda pelo empolgamento da prova, prova esta já com nome sonante e cheio de grandes atletas de peso. Fomos logo direito ao acesso do Jardim da Corredoura, o que até aqui tirando o frio generoso que se fazia sentir nada mais de alarmante se passava. Mas ao chegar ao fim do Jardim a coisa tomou outro “feitio”, ou seja iniciou a primeira de muitas belas subidas. Esta primeira nem foi de grande desgaste, mas foi bem cansativa. Ainda por cima sem ter feito aquecimento e com o frio que estava passamos pelo Alto da Vinha e até atingirmos os 4 km já contava nas pernas cerca de 300 D+…estava bonito estava hahaha.

Primeiro abastecimento em Reguengo paro para beber água e comer um quadrado de marmelada juntamente com bastantes atletas e sigo. Ainda oiço os voluntários a dizerem que finalmente alguém começava a parar no abastecimento já que os primeiros até fizeram vento à passagem…no stop.

Chego finalmente ao segundo abastecimento nas Eólicas (Cruzamento das Antenas) aos cerca de 16 km já com 2 horas e pouco de corrida, mas com as pernas já bem quentinhas hehehehe.

Tivemos muita sorte com o tempo que esteve sempre muito agradável com sol e nuvens, mas sem chuva que atrapalharia mais um pouco a progressão visto que passamos por muitas linhas de água e vários ribeiros…

Aos 23 km já ia com cerca de 3h 30…bem, a coisa estava já composta. Estava já a meio da prova e já me sentia bem esganado e no entanto achei que estava a fazer um tempo bem aceitável. Mesas, Vale Lourenço mais um abastecimento essencialmente líquido e creio que este foi um abastecimento extra pois não me recordo de o ver contemplado no regulamento. Mas também a esta altura já nem me recordava sequer do meu nome hahahaha…

Como a coisa nem tinha subido muito (ah pois não…) subimos novamente até ao Cruzamento das Antenas nas Eólicas onde havia o abastecimento verdadeiramente dito.

Também não me recordo bem, mas usufrui sempre dos abastecimentos e fui comendo sempre presunto, boleima, água, marmelada, salame e um pouco mais disto e daquilo e lá seguia para o seguinte abastecimento.

Ao atingir Alto Reveladas no abastecimento ligeiro de líquidos e pouco mais já tinha atingido o ponto mais alto do percurso e estava bem perto dos 1000 mts de altitude e creio que cerca de 1800 D+ nas 4h30 percorridas…e completamente atrofiado, mas confiante…ui ui…que confiança. Já tinha uns 33 km no pelo e sentia o cansaço a atingir-me. Não fossem os trilhos fantásticos e extremamente técnicos tanto nas subidas como nas descidas e toda a beleza envolvente que de fato deslumbrava e fazia-me sorrir. Sim sorrir apesar da falta de forças estar a acompanhar-me, o ânimo nunca abandonou…Se não consigo ir mais depressa vou mais devagar, mas vou!

Acho que foi aqui a “tal” Subida do Medo onde em cerca de 900 mts subimos perto de 200 D+ e onde eu avançava 1 passo e acho que retrocedia 2 ou 3 hahahaha. Cheguei lá acima com as pernas todas encortiçadas…ora toma lá disto!

Segue-se uns bonitos e húmidos 5 km até à Ribeira de Nisa aos 37 km onde me perguntaram no abastecimento se eu queria uma cerveja…e eu “está a falar a sério?”, “claro, quer branca ou preta?”, “ora então venha daí uma preta!”. Neste abastecimento havia sopa e carnes grelhadas (também tinha encontrado noutros abastecimentos as carnes), mas o que eu queria mesmo era a mini fresquinha, apesar do frio que se fazia sentir na rua. Bebi, agradeci e segui…só depois é que me lembrei que não tinha comido nada…hobalhamadeus…tive de usar os meus próprios suplementos. Que cabeça…fique cego com a mini que me soube que nem ginjas, ou melhor que nem cerveja hahaha.

O percurso a partir daqui foi mais tranquilo, mas nem por isso menos bonito. Aliás todo o percurso que apesar de bastante duro foi de uma beleza constante.

Finalmente vejo a cidade de Portalegre a revelar-se e até ganho forças vindas sei lá de onde e dirijo-me com um sorriso disfarçado de cansaço no lábios até cortar a tão desejada meta!

Fónix…tinha terminado…que prova!

Com uma competência da organização e dos voluntários em todo o percurso que facilitaram bastante a vida dos atletas homenageio aqui todos no geral pela forma com que se dedicaram a este evento. Fiquei bastante feliz!

Fui recebido com os parabéns e uma simbólica medalha e pela Dina Barroso que ansiosamente me aguardava depois de ter feito também a sua excelente prova!

Fiquei em 325 da geral e demorei 6h53m a fazer a prova dos 45 km (43 reais) com 2200 D+.

Depois foi comer o “almoço” fora de horas e cumprimentar amigos sem fim…

Hobalhamadeus que tareia simpática!

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